As fakes news estão presentes em nosso dia a dia a muitos anos, mesmo antes da internet. Com o advento dos sites, blogs, redes sociais e, principalmente, aplicativos de bate-papo, elas vem acontecendo com maior frequência e em maior quantidade.
Para debater este assunto chamamos Manoel Fernandes, Diretor Executivo da BITES, empresa focada em fornecer dados para a tomada de decisões estratégicas a partir da análise de informações públicas e abertas existentes na Internet, também jornalista de formação e possui uma especialização em Relações Governamentais. A segunda convidada foi Tatiana Michelan, Real Time Senior Manager na Coca-Cola Company, e trabalha focada no combate à fake news envolvendo a marca.
Segundo Manoel, fake news não podem ser consideradas notícias falsas, mas falta de informação. “Toda notícia é verdadeira. Se não é verdade, não é notícia”, menciona. Segundo pesquisa realizada pela Edelman Trust Barometer, os brasileiros consideram as ferramentas de buscas, como o Google, sua fonte de notícia mais confiável, ficando em segundo lugar as mídias tradicionais, em terceiro as mídias próprias e em quarto as mídias sociais.
Este dado foi trazido por Manoel como preocupante, visto que empresas investem em fake news para que elas fiquem no topo das ferramentas de busca, que são as notícias mais acessadas pela população. É comprovado que o usuário clica nas primeiras posições das buscas, se atentando somente a primeira página. Segundo o Diretor Executivo da BITES, há a necessidade de se ter no Brasil uma educação midiática, a fim de ensinar a população a ter maior discernimento para identificar notícias falsas.
Em pesquisa realizada pela Hootsuite, o Brasil está na segunda posição de países que mais confiam em notícias provenientes de redes sociais, perdendo somente para a Turquia.
O ciclo de vida de uma fake news e seus tipos
Uma notícia falsa sempre começa no estágio da latência até seu gatilho, entrando no estágio de aceleração, onde se tem os primeiros posts de influenciadores desta propagação. A próxima fase é a da disseminação nas redes sociais, até alcançar seu pico. Logo após, vem o estágio de dormência. Porém, uma fake news nunca morre, ela só permanece neste estado até ser ativada novamente, e todo o movimento se repete.
Segundo Manoel, uma fake news pode ter diferentes propósitos e genomas, como:
- Sátira ou Paródia.
Sem nenhuma intenção de prejudicar, mas com potencial para enganar;
- Conteúdo Enganoso
Uso enganoso de informações para enquadrar uma questão ou indivíduo;
- Conteúdo Impostor
Quando fontes genuínas são imitadas;
- Conteúdo Fabricado
Conteúdo novo, que é 100% falso, criado para ludibriar e prejudicar;
- Falsa Conexão
Quando manchetes, ilustrações e legendas não confirmam o conteúdo;
- Falso Contexto
Quando o conteúdo genuíno é compartilhado com informação contextual falsa;
- Manipulação do Contexto
Quando a informação ou imagem genuína é manipulada para enganar.
Como combater as fake news
Segundo Manoel, quanto menor a audiência de uma fake news, também menor o seu índice de propagação, que são feitas por pessoas que consomem este tipo de desinformação. Ou seja, quando a notícia falsa chega até um leitor que tiver o conhecimento para identificar sua falsidade, ela não vai para frente, cortando aí sua eficácia.
Tatiana comenta que a Coca-Cola sofre com fake news a muitos anos, e por isso vem estruturando uma rede para combate. Uma das formas mais eficazes encontrada pela empresa é monitoramento constante de informações que envolvam a marca, o que ajuda na identificação logo no início da notícia Após a identificação, a Coca constrói sua defesa através de notícias no seu portal próprio https://www.cocacolabrasil.com.br/pergunte, rebatendo as falsas. Tatiana menciona que eles utilizam diversas ferramentas para isso, muitas vezes vídeos para que possa se exemplificar alguma situação. Muitos fãs da marca também ajudam a compartilhar as informações corretas e ajudam neste combate.
Porém, segundo Tatiana e Manoel, a maioria das notícias falsas começam em apps de bate-papo, como o WhatsApp, sendo impossível monitorá-las. De qualquer forma, as fakes news devem ser sempre combatidas. Para isso, busque sempre por fontes de informações confiáveis, como sites oficiais e mídias tradicionais. E se desconfiar, pesquise e não compartilhe.
Para saber mais, não deixe de assistir ao webinar que deu origem a esse texto: Fake News – a imagem e reputação das empresas, realizado em parceria da ABRADi e ABRAREC, transmitido no dia 13 de outubro com a participação de Manoel Fernandes, Diretor Executivo da BITES e Tatiana Michelan, Real Time Senior Manager na Coca-Cola Company.
Acesse: youtube.com/watch?v=SbxSXbPSQDA