Estar na primeira página do Google não é mais suficiente - Abradi

Estar na primeira página do Google não é mais suficiente

25 de julho de 2025

Especialistas da Abradi explicam como avanço da IA está reformulando o SEO e mudando o comportamento de busca do usuário

A inteligência artificial está transformando a lógica da busca on-line. Com a chegada de ferramentas como ChatGPT, Gemini e Google AI Overview, não basta mais conquistar um lugar na primeira página do Google para ter uma forte presença digital. O desafio das marcas, agora, é fazer com que seu conteúdo seja a resposta direta fornecida por uma IA.

Essa mudança de paradigma impacta diretamente o trabalho de agências e profissionais de marketing de conteúdo. O presidente da Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi), Carlos Paulo Jr., explica que o comportamento digital do usuário está passando por uma transformação significativa. “As pessoas querem uma resposta clara, direta e objetiva, sem ter que pesquisar em vários sites que os mecanismos de busca fornecem. Se antes os usuários não navegavam pelos resultados de quatro ou mais páginas, agora preferem ter todas as respostas nos resumos fornecidos pelas IAs.”

A evolução da IA reflete uma mudança no comportamento do usuário, que agora busca informações de forma mais fragmentada. As pessoas não procuram apenas no Google, mas também diretamente no YouTube (para vídeos, tutoriais, reviews), Instagram, TikTok e chatbots como ChatGPT, Gemini e Grok para obter respostas diretas, resumos e brainstorming. “Nos AI Overviews do Google Search, os usuários buscam respostas rápidas e, embora tenham a opção de clicar em links, muitos não o fazem”, acrescenta o presidente da Abradi.

Impacto nas estratégias digitais

Carlos Eduardo de Castro Alves, CTO da Niara, empresa brasileira que atua no desenvolvimento de tecnologias voltadas para SEO, análise de conteúdo e inteligência artificial, comenta que essa mudança impacta diretamente a forma como as agências produzem conteúdo e atuam com as ferramentas de IA.

Segundo ele, as estratégias digitais precisam considerar que o usuário está cada vez mais acostumado a consultar IAs diretamente, esperando uma experiência de busca mais conversacional, resumida e eficiente. “A Inteligência Artificial entende contexto, intenção e profundidade. Um conteúdo bem estruturado, confiável e abrangente pode ser segmentado e reutilizado pelas IAs para responder centenas de perguntas”, comenta.

Estratégias para otimização de conteúdo

Para discutir essas transformações, esse novo cenário foi tema da mais recente edição da AbradiTalks. Durante o encontro, especialistas apresentaram estratégias para otimização de conteúdo voltado à inteligência artificial. Segundo eles, em vez de focar na densidade de palavras-chave, é essencial pensar em tópicos abrangentes que respondam completamente às necessidades do usuário.

A IA busca conteúdos que abordem um tema de forma holística, antecipando todas as possíveis dúvidas e questionamentos relacionados. Por exemplo, ao criar conteúdo sobre receitas italianas, não basta mencionar apenas “receita de jantar italiano” – é necessário incluir informações sobre ingredientes; técnicas de preparo; harmonização com vinhos e até mesmo onde adquirir os produtos. 

Essa abordagem permite que um único artigo bem estruturado seja ranqueado para dezenas de consultas específicas de cauda longa, já que a IA consegue identificar e extrair parágrafos específicos que respondem exatamente à pergunta do usuário.

Search Everywhere Optimization

A otimização de conteúdo, portanto, vai além das práticas tradicionais de SEO. O conceito agora é o de Search Everywhere Optimization: a presença precisa ser multicanal. “O conteúdo precisa aparecer onde o usuário estiver buscando, e isso pode ser no Instagram, no YouTube ou numa interface de IA”, completa Lisane Andrade, CEO da Niara.

Os especialistas detalham estratégias práticas para otimização, como conteúdo estruturado e “fatiável”; utilização correta de tags de cabeçalho (H1, H2, H3); organização de informações em listas e parágrafos claros. É preciso, também, sinalizar à IA onde cada subtópico inicia e termina para permitir que diferentes partes do conteúdo sejam utilizadas em múltiplas situações. 

A abordagem multimodal deve ser aplicada otimizando vídeos com timestamps descritivos; incluindo alt text detalhado em imagens; considerando áudios e podcasts na estratégia e aproveitando as capacidades visuais e auditivas da IA moderna.

Integração de equipes de marketing

Os especialistas explicam que esse cenário deve ocasionar uma necessidade de maior integração entre as equipes de marketing (SEO, YouTube, redes sociais). “O SEO está se tornando Search Everywhere Optimization. Vídeos, imagens e áudios terão cada vez mais visibilidade nas pesquisas em diversas plataformas, não apenas no Google”, pondera Lisane.

O que permanece importante

O que não muda é a prioridade para conteúdos produzidos com a credibilidade de um especialista renomado. Autoridade e backlinks de qualidade continuam sendo um fator de desempate importante para o conteúdo. 

Além disso, é indispensável criar um conteúdo bem estruturado não apenas para robôs, mas também para humanos. Uma boa estrutura melhora a leitura e o engajamento do usuário com o conteúdo, o que é um item importante para o Google, pois ele valoriza que o usuário acesse o site, permaneça por um tempo e engaje com o conteúdo.

Os especialistas concordam que esses pilares se mantêm porque as boas práticas de SEO desenvolvidas nos últimos anos continuam válidas, apenas evoluindo para se adaptar ao novo cenário tecnológico.

Sobre o autor:

Assessoria de Imprensa da Abradi