ARTIGO: Quanto custa perder seu tempo com uma associação? - Abradi

ARTIGO: Quanto custa perder seu tempo com uma associação?

4 de maio de 2012 Imagem destacada padrão para postagens ABRADi

Por Jonatas Abbott, presidente da ABRADi

A pergunta é recorrente e até legítima, pois perdi a conta de quantas vezes ouvi essa pergunta e muitas vezes, como empresário, fiz as contas da economia em cancelar os pagamentos das diversas entidades empresariais que minha empresa participa. Entender e participar do movimento associativo exige uma reeducação e maturidade do empreendedor. De imediato há um choque de realidade entre a forma de atuar dentro da própria empresa e dentro da entidade que a representa. A crítica é fácil e o lugar na arquibancada confortável.

Entidades são locais de encontros de concorrentes. E são, por natureza, muito mais lentas que uma empresa. Avançam mais devagar. Mas, por um terreno que a empresa sozinha não consegue sequer avançar. Paradoxos. Por vezes são deles que uma entidade é feita.

A Associação Brasileira de Agências Digitais (ABRADi) nasceu há 7 anos atrás da iniciativa de empresários do sul do país. Preparavam a primeira reunião dos poucos associados que fundariam um movimento associativo inédito para o mercado digital quando o Cesar Paz, CEO da AG2 Publicis Modem, me convidou para ser, com o provedor que eu representava na época, o primeiro patrocinador da entidade. Aceitei na hora. Questionado pelos sócios do provedor do porque investir numa entidade que tinha apenas dois associados respondi: porque temos que estar lá.

É a mesma resposta que sempre dou quando me fazem a pergunta do título acima. Há que se investir tempo e dinheiro na entidade que representa os interesses de sua empresa. Não há melhor caminho ou, ainda, atalho mais evidente para se compreender o todo do ambiente em que atuamos. Mais além, não há outro caminho para se estabelecer uma pauta política e de legislação que afete o dia a dia e o faturamento de sua companhia. Ainda através do networking é possível conhecer concorrentes, muitas vezes “coopetidores”, acessar oportunidades de negócios e compreender a similaridades entre dificuldades empresariais.

E quando a sua entidade ganha representatividade tendo mais associados e, consequentemente, mais investimentos, é possível fazer muito mais. Gerar pesquisas de mercado e levantamento de dados que documentem crescimento, dificuldades, evolução e até mesmo mão de obra. Nesta linha ainda é através de sua entidade que se pode fomentar o meio acadêmico de forma a qualificar e aumentar a mão de obra disponível para o setor. Para fechar é ainda por uma entidade empresarial que podemos trazer personalidades nacionais e internacionais para trazer seu conhecimento em eventos, somente viáveis pela união do todo num esforço para todos.

Todas as demandas acima eu pude acompanhar em 7 anos de ABRADi. Juntos, entendemos melhor um mercado quase tão novo quanto a própria entidade. Juntos, interferimos por diversas vezes em Brasília alterando o curso político de temas para os quais somos especialistas. Muitas vezes unidos com outras entidades. Trocamos experiências.

Unindo as forças da ABRADi geramos o Censo Digital, que aponta todos os anos a evolução do nosso mercado e mapeamos os salários que pagamos no mercado brasileiro. Fizemos em diversas praças convênios e acordos com o meio acadêmico ligando de forma mais rápida e eficaz a formação de mão de obra com o mercado. E foi através da união de várias empresas do mercado digital que trouxemos ao Brasil Chris Anderson, Erik Qualman, Pierry Levy e levamos a diversos estados dezenas de especialistas brasileiros.

E sim, isso ainda é muito pouco. Muito lento. Crítica fácil. Mas é muito mais e muito mais rápido do que uma empresa sozinha jamais poderia realizar. E num mercado que envolve uma internet pulsante, com novidades sendo incensadas numa velocidade muito superior ao uso e compreensão de empresas e consumidores, num inchar e esvaziar de bolhas por todos os lados uma entidade do setor passa a ser ainda mais crucial. Obrigatória. Um ônus do empresário e um bônus da empresa.

Lugar de empreendedor digital não é na arquibancada, é dentro do gramado. No jogo. Na empresa ele faz seu resultado, na entidade ele constrói seu mercado num ciclo sem fim de fins e meios.

Até hoje não consegui calcular quanto custa para mim e minha empresa se envolver tanto com o associativismo digital. Mas consegui calcular quanto custaria estar fora dele.

Caro, muito caro.

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Jonatas Abbott é sócio e diretor executivo da Dinamize e atual presidente da ABRADi (abbott@dinamize.com)