Já perceberam que este título contém ironia, não? Enfim, vamos ao que interessa! Se você é um profissional com grande experiência em marketing, seja online ou offline, já sabe que quando acha que já domina um bocado de coisas, vem algo novo e passa-lhe a perna… Assim é, se pensarmos na relação entre o mercado de jogos e o marketing. E, foi bem isso que aconteceu comigo, quando ingressei nesse universo.
Vou ser mais específico. Se você precisa fazer o marketing de uma empresa que vende camiseta, e esta camiseta é bacana, você faz o melhor que sabe, com a verba que tem, leva o cliente até a loja, ele compra, leva a camiseta e fica feliz!
Mas, e quando esse produto se trata de algo que este mesmo cliente não pode vestir, não conhece, tem medo e ouviu falar algumas coisas ruins sobre ele? Quando se lida com um cliente potencial para o mercado de jogos, é basicamente esta situação que encontro.
De que mercado estamos falando?
Embora não se fale muito por aí, já contei aqui que o mercado de jogos no Brasil é muito grande. De acordo com dados do Instituto Jogo Legal, o Brasil movimenta anualmente em apostas um total de 18 bilhões de reais, sendo esses valores divididos em jogo do bicho (66%), bingos (7%), caça níqueis (20%) e jogos online (11%). E, não estamos considerando as apostas em loterias.
As apostas esportivas já são um grande filão deste mercado e estão legalizadas no país. Estas empresas tem investido massivamente em patrocínios de times de futebol. Isso tem trazido alegria tanto aos clubes quanto aos sites de apostas, que desfrutam de uma exposição maravilhosa nas mídias offline do meio esportivo.
O mercado global de jogos tem crescido muito por aí. Ele tem o potencial de atingir US$ 876 bilhões até o ano de 2026.
Em muitos países, a atividade se expande com velocidade, alimentando as sofridas economias pós-pandemia. O mercado de jogos nos EUA é avaliado em US $262,4 bilhões, agora em 2021. O mercado Ásia-Pacífico, contando com a China, deve chegar a um valor de US $322.
Quem é o público do mercado de jogos?
O ato de jogar é uma atividade recreativa do ser humano desde sempre. O jogo propicia diversão e aguça a sorte aleatória, o que nos traz uma sensação de satisfação e felicidade. Jogar também tira as pessoas do tédio e alivia o estresse do dia a dia. Além disso, o jogo oferece um sentimento de envolvimento coletivo.
Sabemos que 80% do público adulto norte-americano joga pelo menos uma vez na vida Mas aqui no Brasil, lidamos com um consumidor final “desconfiado”. Mais do que desconfiado, digo, desinformado.
Posso afirmar que o público-alvo do mercado de jogos no Brasil é…todo mundo! Quem nunca tentou a sorte na Mega-Sena de fim de ano? E a sua avó, já comprou ou não a Tele-Sena do Silvio Santos? E aquele bingo no hotel, a rifa do vizinho, a corrida de cavalos no Jóquei Clube da cidade, a raspadinha premiada? Quem nunca?
O que determina cada nicho de cliente dentro do segmento de jogos são as especificidades de cada persona. O apaixonado por futebol, vai gostar de apostar neste esporte, enquanto o fã da NBA vai calcular suas chances de ser bem sucedido com seus palpites no basquete, e por aí vai.
Tenho que gostar de esporte? Nem sempre! Tem apostas em Big Brother, política, casamento da realeza, e muitos outros assuntos.
O mais interessante é que a maioria das pessoas, ainda, não se dá conta que gosta tanto de uma fezinha. Esse público também não entendeu tão bem que suas chances de ser bem sucedido em uma aposta simples sobre quem vai ganhar uma partida de futebol são de 50%, bem superiores a acertar na Mega Sena!
Por esse e outros detalhes, não é fácil fazer marketing para o mercado de jogos.
Como trabalhar esse marketing?
O ponto de partida para trabalhar o marketing digital para o mercado de jogos é entender que o público, antes de tudo, precisa ser educado a respeito do produto. Lembram da camiseta? Jogos e apostas não tem um valor tão óbvio assim.
O público precisa sentir-se seguro de que as empresas de jogos e apostas são idôneas, que este é um mercado que exige muito profissionalismo e regras claras. Inclusive, bem mais do que normalmente é exigido para vender camisetas…
É fundamental que este cliente potencial entenda que a empresa não é golpista, cumpre políticas de responsabilidade, como a de Jogo Responsável, e muitas outras regulações.
Em relação a estratégia de marketing, é necessário mais do que realizar uma conversão. É primordial fazer um árduo trabalho para criar autoridade das marcas, desenvolver conteúdo relevante capaz de manter o público envolvido, a fim de criar real engajamento.
Tudo isso é completado por um forte trabalho de retenção do cliente, através de inúmeras estratégias. Pela minha experiência, fazer marketing digital para o mercado de jogos é bem mais difícil do que para diversos outros produtos mais palpáveis.
Mas, há muitas oportunidades. O patrocínio de times de futebol é uma estratégia que tem seus limites. Por isso, as empresas do setor de jogos têm buscado o marketing digital, onde o investimento é menor, e os resultados são de fato mensuráveis.
E muita novidade está por vir no mercado brasileiro. O aprendizado não para nunca. Porque, até eu terminar de escrever, e você acabar de ler este artigo, alguma coisa já mudou!
