A transformação digital e a urgência por experiências personalizadas (e em tempo real) colocam as plataformas de dados no centro da estratégia de marketing. Mas antes de optar por um caminho, quero provocar a reflexão sobre o que vale mais: escolher o conforto de uma solução integrada, ou a liberdade de compor conforme a necessidade? E ainda: assumir um custo alto com promessa de robustez, ou testar alternativas mais ágeis e econômicas?
Esse dilema, cada vez mais presente nas mesas de decisão dos nossos clientes, envolve mais do que tecnologia: fala sobre estratégia, cultura e ambição. E aqui começa a encruzilhada de se adotar um ecossistema fechado e integrado que os grandes players de gestão de dados oferecem. Para quem se pergunta se vale apostar em soluções modulares, abertas e mais flexíveis? Não existe uma resposta fácil, pois depende do perfil e da maturidade de cada um. Nosso papel, enquanto agências e consultorias, também é clarear este horizonte, mergulhar nos processos dos clientes, dores, objetivos, a fim de encontrar a solução ideal.
Outro fator fundamental nesse debate é o legado tecnológico. Muitas empresas já adotaram soluções como o Salesforce Marketing Cloud ou outras ferramentas pontuais desses grandes ecossistemas, não valendo a pena começar do zero e descontinuar tudo. Para quê sair do lock-in se já há investimentos em curso? Acredito no caminho mais sensato de um modelo híbrido, mantendo parte da estrutura atual, mas ampliando-a com componentes mais abertos, escaláveis e integráveis. Plataformas podem coexistir enriquecendo o ecossistema com coleta de dados real-time, governança independente e ativações mais inteligentes.
Percebo que, para muitas empresas – especialmente as que lidam com grandes operações, múltiplos canais e desafios de integração global – o desejo é claro: adotar a solução mais robusta e comprovada do mercado, mesmo que isso signifique maior complexidade, custo e esforço de implementação. E é aqui que entram os grandes ecossistemas mais “famosos” do mercado.
Portanto, não escolha um lado, escolha o seu modelo. Em tempos em que a pressão por performance coexiste com a urgência por inovação, a escolha entre centralizar ou modular não deveria ser sobre lados opostos – e sim sobre qual modelo melhor traduz sua estratégia de negócio. Não se trata apenas de tecnologia; trata-se de visão, timing e capacidade de adaptação. excA empresa que escolhe compor sua stack com inteligência, conectando legados com inovação e equilibrando solidez com agilidade, não escolhe um modelo – ela cria o seu. E talvez, no final das contas, essa seja a única escolha verdadeiramente certa.
A decisão entre centralizar ou modularizar não tem resposta única — e mais do que técnica, ela é política, cultural e estratégica. Quem lidera essa escolha? Marketing, tecnologia, dados, ou todos juntos? É nesse ponto que muitas iniciativas fracassam: quando o stack é escolhido sem um dono claro, sem um propósito compartilhado, ou sem a visão de que tecnologia só entrega valor quando está a serviço de um modelo de negócio coeso. Ela depende da maturidade digital da empresa, de sua cultura de dados e da capacidade de orquestrar múltiplas soluções. Mas uma coisa é certa: flexibilidade, governança e performance são inegociáveis na nova era da experiência.
Sobre o autor:
Ricardo R. Junior
CRO & CIO na aunica
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