Por Fernando Viberti
O podcast já deixou de ser o primo pobre do vídeo há um bom tempo. Segundo estudo da plataforma Deezer, o consumo desse tipo de conteúdo aumentou 67% em 2019. Além disso, a pesquisa mostrou que o brasileiro gosta bastante de escutar os áudios: cerca de 25% consumiu mais de uma hora por dia.
Portanto, incluir podcasts na estratégia de marketing de conteúdo é uma oportunidade enorme de surfar nas ondas do rádio….desculpem, o trocadilho (ou será clichê?) foi mais forte do que eu. Não resisti.
Sei bem que os números mencionados são uma oportunidade mais concreta para a produção de podcasts com viés mais comerciais, digamos assim. Aqueles que, apesar de segmentados por temas – tecnologia, política, economia e outros – podem ser acessados por qualquer pessoa. O mercado corporativo, principalmente as empresas maiores, ainda não aderiram ao podcast com força total. Sei bem disso: perdi uma concorrência por sugerir que o podcast fosse o formato principal dos conteúdos que seriam distribuídos. Fazia todo o sentido. Porém, o cliente achou que a estratégia era inovadora (?) demais e optou por soluções mais tradicionais. Faz parte.
Mas é normal. O mercado corporativo nunca é um early adopter de novos formatos/tecnologias. Porém, uma hora a novidade deixa de ser tendência e vira uma demanda frequente. E, se isso acontecer, você está preparado para fazer os podcasts brilharem na sua estratégia de marketing de conteúdo?
Vamos então falar sobre duas questões que sempre provocam dúvidas, angústias e uma boa dose de ansiedade quando se trata de podcast: duração e equipamentos técnicos
Qual a duração ideal de um podcast?
Pode ter certeza que alguém vai fazer essa pergunta. A resposta não é fácil, mas tem alguns caminhos a seguir. Em primeiro lugar, o podcast deve durar o tempo que precisar, nem um segundo a mais e nem a menos…dããããã…óbvio, né? Se você está se arrependendo de chegar até aqui e ter que ler isso, calma. A primeira vez em que escutei essa frase, eu também quis matar a pessoa, mas depois deu pra entender. Significa, basicamente, resistir à tentação de fatiar um podcast que deve durar 12 minutos em 4 áudio rasos de três minutos cada ou, ao contrário, esticar um conteúdo de cinco minutos para dez, enchendo linguiça.
Estou aprendendo italiano e os podcasts são um recurso valiosíssimo na minha aprendizagem. Uma das aulas é um áudio de 10 minutos, porém o professor somente começou a falar sobre o tema lá pelo minuto sete. Antes disso, deu um monte de informações irrelevantes que irritaram todo mundo, o que ficou bem registrado nos comentários. Não faça isso. Capturar a atenção e engajar o público leva tempo…mas perder é questão de segundos.
De acordo com o site Podnews, a média de duração dos podcasts foi de 37 minutos nos Estados Unidos. Eles fazem a ressalva que essa é a média de duração de todos os podcasts avaliados, porém, considerando apenas os Top 100, o tempo sobe para 53 minutos. Mas, lembre que o levantamento considera aqueles podcasts mais “comerciais” de que já falamos.
Para determinar a duração ideal é preciso conhecer o comportamento do público a que o conteúdo se destina. Em qual contexto e situação você imagina que o podcast será consumido? No trânsito? No transporte público? Em casa? Para cada uma dessas situações é possível estimar o tempo disponível.
É um médico, por exemplo, que trabalha no consultório e mais um hospital? Nesse deslocamento, ele poderia ter disponíveis 40 minutos por dia? É alguém que usa o transporte público e leva duas horas no trajeto de ida e volta entre a casa e o trabalho? É alguém que além dos deslocamentos faz uma hora de academia três vezes por semana? Essas informações têm de fazer parte do seu planejamento.
Juntando essa “disponibilidade” com aquela regra de que o podcast deve durar o tempo necessário, você consegue começar a elaborar a sua estratégia de marketing de conteúdo para esse formato.
Posso gravar o podcast usando meu smartphone?
Quanto à parte técnica, a pergunta mais comum é se o smartphone basta ou precisa investir em equipamentos mais caros. A minha resposta é….depende. Se, por alguma circunstância você só tiver o celular disponível e o conteúdo for super relevante, vá com ele, porém, edite. Nunca leve ao ar bruto. Têm apps muito bons e baratos, senão de graça, com que você vai conseguir dar um tratamento muito legal ao seu áudio. Porém, essa é a exceção e não a regra.
Agora, se for uma produção recorrente, invista um pouco. E é um pouco mesmo!! Não há necessidade de montar estúdio, gastar os tubos em microfones, gravadores, etc. Todos esses equipamentos podem ser alugados por muito pouco e até a sala de reunião do coworking pode virar um estúdio improvisado. Comece assim e depois veja se vale a pena evoluir para uma estrutura própria.
Por último, uma dica: dá sim para transformar o áudio do vídeo em podcast, mas tem de editar. No meu curso de italiano, boa parte dos podcasts é do áudio dos vídeos, editados. Num episódio, pelo visto, o pessoal esqueceu e, lá pelo minuto 10, o professor manda olhar na tela….fica feio, né?
Fernando Viberti é jornalista, sócio-diretor da Conteúdo Online e líder do Comitê de Marketing de Conteúdo da Abradi Nacional.